Num sentido estrito de “exportações verdes”, consideram-se os bens e serviços ambientais de baixo carbono que eram vendidos no exterior de Portugal, isto é, todos os bens e serviços vendidos no exterior com reduzido impacto no ambiente. De acordo com “Low Carbon and Environmental Goods and Services Report for the UK’s Department for Business, Innovation and Skills” inclui todas as exportações ao longo da cadeia de valor em três áreas: proteção do ambiente, energias renováveis e atividades de baixo carbono.

Metodologia e racional das metas para 2020 e 2030

O Compromisso para o Crescimento Verde previa, já em 2015, uma revisão no curto prazo dos seus indicadores de crescimento: VAB Verde, Exportações Verdes e Emprego verde uma vez que, à data da sua elaboração, os valores avançados eram prudentes estimativas realizadas em articulação com o INE. A quantificação do setor verde na economia, a nível estatístico, era uma realidade ainda em construção e o tema encontrava-se em debate também no Eurostat. À data, o INE trabalhava num estudo-piloto relativo às contas do setor dos bens e serviços ambientais que se esperava pudessem vir a produzir melhores aproximações à realidade portuguesa.

Esse trabalho evoluiu e produziu resultados no início de 2018 quando o INE publicou pela primeira vez as Contas do Setor de Bens e Serviços Ambientais (CSBSA). Estas contas apresentam resultados para 2014 e 2015 tendo por base fundamental as Contas Nacionais Finais disponíveis para esses anos.

Pelo exposto, foi adotada a determinação dos resultados destes indicadores tendo por base as referidas Contas do Setor de Bens e Serviços Ambientais que permitem obter uma melhor aproximação à dimensão dos setores económicos verdes e às componentes de outros setores económicos que desenvolvem atividades alocadas à proteção e valorização do ambiente e à sustentabilidade, contribuindo desta forma para o crescimento verde.

A Taxa Composta de Crescimento Anual (TCCA) para a determinação das metas para 2020 e 2030 manteve-se em conformidade com o Compromisso para o Crescimento Verde de modo a manter a mesma ambição.

Significado do Indicador:

Ritmo de crescimento das exportações verdes equiparado ao aumento do VAB verde (milhares de milhões de euros).

Tabela obj 2

Grafico obj 2

Análise

As “Exportações Verdes” registaram um valor de 2 151,5 milhões de euros em 2014 e 2 432,9 milhões de euros em 2015. As atividades de gestão de recursos são as que têm maior peso, tanto em 2014 com 55,6% do total, como em 2015 com 53,7%. Em contrapartida as atividades de “Proteção do ambiente” registaram um aumento de 17,7%, que compara com o aumento de 0,2% da “Gestão de recursos”. O grande aumento da “Proteção do Ambiente” deveu-se ao acentuado crescimento da produção nos domínios da “Gestão dos resíduos” e da “Proteção contra ruídos e vibrações” (impulsionado pelo forte incremento das exportações de silenciadores para veículos automóveis).

Em 2015 mais de 1/5 da produção de bens e serviços ambientais foram exportados, com destaque para a “Gestão de recursos energéticos” com um peso superior a 58%, devido essencialmente aos equipamentos para torres eólicas, células foltovoltaicas e biodiesel. Destaque também a proteção contra o ruído e vibrações (22,8%) e a “Gestão de minerais” (9,5%), que incluiu exportação de sucata.

Os domínios com maiores contributos para as exportações verdes foram os seguintes: a “Gestão dos recursos energéticos” (com os 3 sub-domínios:” Produção de energia proveniente de fontes renováveis”, “Poupança e gestão do calor e da energia” e “Minimização da utilização de energias fósseis como matérias-primas”), com 62,6 % em 2014 e 58,2% em 2015; a” Proteção contra ruídos e vibrações”, com 16,1% em 2014 e 22,8% em 2015; e a “Gestão de minerais”, com 12,0% em 2014 e 9,5 % em 2015. Destaque para o sub-domínio “Minimização da utilização de energias fósseis como matérias-primas” que representa quase metade do domínio da “Gestão de recursos energéticos”.

Os setores que mais contribuíram para as exportações verdes em 2014 e 2015 foram os seguintes: as “Indústrias transformadoras” com 76,0% em 2014 e 81,5% em 2015 (com destaque para os sub setores da “Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, exceto mobiliário”; “Fabricação de obras de cestaria e de espartaria”; “Fabricação de pasta, de papel, cartão e seus artigos”; “Impressão e reprodução de suportes gravados”, com um peso de 43,6% no total das Exportações Verdes em 2014 e de 41,1% em 2015. E ainda da “Fabricação de veículos automóveis, reboques, semi-reboques e componentes para veículos automóveis”, e “Fabricação de outro equipamento de transporte”, com um peso de 15,7% em 2014 e 23,3% em 2015). Realce também para o “Comércio por grosso e a retalho”, ” Reparação de veículos automóveis e motociclos”, com um peso de 7,5% em 2015 e a “Recolha, tratamento e eliminação de resíduos”, “Valorização de materiais”, com um peso de 7,2% em 2015.

A nível comunitário Portugal ocupava a 4.ª posição no peso (%) das exportações de bens e serviços ambientais nas exportações nacionais, com 3,1%, em 2014, atrás da Finlândia (10,5%), Dinamarca (6,7%) e Roménia (3,7%).

Para mais informação consulte a ficha do objetivo.