Para efeitos de reporte à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC) o inventário nacional de Gases com Efeito de Estufa (GEE) inclui os seis gases constantes do Anexo A do Protocolo de Quioto: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e F-Gases (hidrofluorcarbonetos (HFC), perfluorcarbonetos (PFC) e hexafluoreto de enxofre (SF6)), sem contabilização das emissões de Alteração do Uso do Solo e Florestas. São também incluídos os GEE indiretos monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), óxidos de azoto (NOx) e compostos orgânicos voláteis não metânicos (COVNMs). Outros GEE regulados pelo Protocolo de Montreal não estão incluídos. Para o II período de cumprimento do Protocolo de Quioto (2013-2020) foi incluído um novo gás, o trifluoreto de nitrogênio (NF3).

Os GEE são gases que absorvem e emitem radiações de onda longa. Cada um dos sete gases considerados no Protocolo de Quioto tem uma diferente capacidade de retenção do calor (potencial de aquecimento global). Pertencem ao grupo dos GEE de vida longa, porque são quimicamente estáveis e persistem na atmosfera em escalas de tempo desde uma década até séculos ou mais, com influência de longo prazo no clima. Alguns deles, como CO2, CH4 e N2O, ocorrem naturalmente, mas as suas concentrações aumentaram desde a Revolução Industrial Inglesa, em grande parte devido às atividades humanas. Os outros GEE (HFC, PFC, SF6 e NF3) são totalmente resultantes das atividades humanas.

Este cabaz de GEE tem como unidade comum o CO2, e por essa razão o seu potencial de aquecimento global é igual a 1. O potencial de aquecimento global é calculado sobre um intervalo de tempo específico (geralmente 20, 100 ou 500 anos), porque alguns gases permanecem mais tempo na atmosfera do que outros. Por exemplo, os 100 anos de potencial de aquecimento global do CH4 é 25, o que significa que se a mesma massa de CO2 fosse introduzida na atmosfera o CH4 reteria 25 vezes mais calor que o CO2 ao longo dos próximos 100 anos.

Significado do Indicador:
O indicador apresenta as tendências de evolução do CO2 (Mt CO2 eq.), total e per capita (t/hab).

 

Análise

Em 2016 o total das emissões de GEE sem as Alterações do Uso do Solo e Florestas estavam estimadas em 67 775 M tCO2e (incluindo CO2 indireto), que representam uma redução de cerca de 22,11% em relação a 2005. No entanto, representa um aumento de cerca de 3,88% em relação a 2014 dado que, a tendência de redução do período de 2005 a 2014 foi quebrada por um aumento de emissões em 2015 e uma retoma da tendência de redução em 2016. Este aumento resultou de uma grande quebra da produção hídrica, dos preços baixos do carvão com aumento do consumo, do maior consumo de gás natural com o aumento das emissões dos transportes a partir de 2013 e com o aumento da atividade económica.

O principal gás é o CO2, representando mais de 3/4 do total nos três anos considerados para comparação, 1990, 2005 e 2015. As emissões de CO2 são geradas principalmente pela queima de combustíveis fósseis de atividades relacionadas com a energia. Outros processos de produção não relacionados com a energia, como a produção de cimento, são também responsáveis por quantidades consideráveis de emissões de CO2.

Segue-se o CH4, com percentagens de dois dígitos significativos, entre 14,3% e 17,2%. As emissões de CH4 são geradas principalmente através da decomposição anaeróbica da matéria orgânica de sistemas biológicos, como a decomposição de resíduos urbanos e de animais, sistemas de tratamento de águas residuais, ou fermentação entérica de animais. Outras fontes responsáveis por estas emissões são a queima de biomassa, a distribuição de gás natural e petróleo, e a combustão incompleta de combustíveis fósseis.

As emissões de N2O estão associadas a emissões diretas e indiretas de solos agrícolas, principalmente relacionadas com o uso de fertilizantes sintéticos e de estrume, pastagens, fixação de nitrogênio por culturas leguminosas e incorporação de resíduos vegetais nos solos. Outras fontes importantes são a combustão de combustíveis fósseis, em particular nos transportes, indústria química (produção de ácido nítrico), tratamento de águas residuais e queima de biomassa (resíduos agrícolas e combustão residencial, e incineração de resíduos).

Realce ainda para os F-Gases, que passaram de 1,3% em 2005 para 4,6% em 2016, associados ao setor Processos Industriais e Uso de Produtos (IPPU), nomeadamente nos sistemas de ar condicionado e na refrigeração comercial.

A principal fonte de emissões de GEE em Portugal é o setor da energia. Este setor representava cerca de 73,51% em 2005 e cerca de 69,44% em 2016. O setor do Uso do solo, alteração de uso do solo e floresta (LULUCF) foi sumidouro de carbono no período considerado, com a exceção de 2005.

Os drivers da redução das emissões de GEE a partir de 2005 devem-se, entre outros fatores, aos efeitos das políticas nas energias renováveis, na eficiência energética, na fiscalidade automóvel e ao abrandamento da atividade económica e à quebra da procura de energia até 2014, a variáveis climáticas como a precipitação com efeito significativo na produção de energia hídrica.

Para mais informação consulte a ficha do objetivo.

Para mais detalhes poderá consultar o Portal do Estado do Ambiente – Emissões de Gases com Efeito de Estufa.